Braskem vê queda de 7% no mercado de resinas e quer avançar no exterior

Os estudos para a construção de uma nova fábrica nos Estados Unidos estão em andamento e a expectativa é ampliar embarques oriundos do Brasil e do novo complexo instalado no México São Paulo – O enfraquecimento da demanda no Brasil deve potencializar os planos de expansão dos negócios da Braskem no mercado internacional. A fabricante já projeta retração de aproximadamente 7% na demanda total do mercado brasileiro de resinas em 2016.

Segundo o novo presidente da companhia, Fernando Musa, a demanda total das resinas polietileno (PE), polipropileno (PP) e PVC no mercado brasileiro somou 1,2 milhão de toneladas no trimestre, recuo de 18% contra igual período de 2015. O mesmo percentual de queda foi registrado nas vendas desses produtos pela Braskem no período, somando 780 mil toneladas comercializadas. A retração foi atribuída a forte base de comparação com o ano anterior, quando os clientes da cadeia de transformação fizeram a recomposição dos estoques e anteciparam compras antes do reajuste dos preços. “Essa queda é importante, mas o primeiro trimestre dá a impressão de que a situação é bem mais caótica do que esperamos para o ano todo”, afirmou Fernando Musa, em coletiva com jornalistas. Apesar do quadro, a companhia fará investimentos para elevar sua competitividade. Até o final do ano, a Braskem deve investir R$ 3,66 bilhões em suas operações globais. Desse total, 51% serão aplicados no Brasil. Os aportes no País incluem R$ 144 milhões para flexibilização de até 15% do etano como matéria-prima da fábrica da companhia na Bahia. O plano faz parte da estratégia de diversificação da matriz de matérias-primas para evitar a dependência e exposição à alta nos preços da nafta – subproduto do petróleo e uma das principais matéria-primas da empresa. “Hoje [o insumo extraído] do gás ainda está mais competitivo que a nafta, mas se o preço do petróleo cair um pouco mais podemos voltar para a nafta. Mas dependerá do mercado”, disse o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da empresa, Pedro Freitas, em coletiva. No mercado internacional, os planos da Braskem incluem a expansão da atividade mexicana. A maior parte dos aportes realizados pela empresa no primeiro trimestre foi direcionada ao complexo petroquímico no México. A unidade entrou em operação em dezembro do ano passado e já deu início ao processo para exportar a partir da unidade. Musa revelou que a instalação de uma sexta fábrica no Texas (Estados Unidos) também está em avaliação. A proposta final deve ser apresentada ao conselho da companhia entre o final deste ano e início de 2017. Desempenho As exportações no trimestre chegaram a 415 mil toneladas de resina, alta de 62% contra um ano antes. O acréscimo nas vendas para outros países ajudou a compensar a queda dos volumes no Brasil. Nos três primeiros meses de 2016, a receita líquida da petroquímica no País (vendas domésticas e externas) avançou 14%, a R$ 12 bilhões ante igual intervalo de 2015. Já o Ebitda (lucro antes de juros impostos depreciação e amortização) subiu 61% a R$ 2,16 bilhões. As operações da Braskem em outros países também ajudaram a sustentar o desempenho consolidado no início de 2016. A produção das fábricas instaladas nos Estados Unidos e em países da Europa totalizou 499 mil toneladas, crescimento de 8% na comparação com o primeiro trimestre de 2015. As vendas avançaram 9% para 500 mil toneladas na mesma comparação. A receita consolidada no mercado externo – considerando Estados Unidos, Europa e exportações brasileiras, excluindo a revenda de nafta – foi de R$ 5 bilhões, o equivalente a 44% da receita total da Braskem no trimestre. Só as exportações responderam por R$ 2,5 bilhões desse valor. Já a receita líquida consolidada, incluindo os negócios no Brasil e os internacionais, somou R$ 12,172 bilhões, alta de 19% no trimestre. A expansão foi embalada pelo aumento do volume total de vendas e a depreciação de 37% na moeda brasileira no período. No entanto, em dólares, a receita líquida da companhia caiu 13% para US$ 3,1 bilhões, impactada negativamente pelo menor volume de venda de resinas termoplásticas e pelo menor preço de resinas no mercado internacional. De janeiro a março, o lucro líquido consolidado da Braskem foi de R$ 747 milhões, avanço de 266% ante o mesmo período de 2015. Na mesma comparação, o Ebitda consolidado cresceu 106%, totalizando R$ 3.058 milhões. Em dólar, o Ebitda somou US$ 780 milhões, 54% acima do valor registrado um ano antes. Endividamento A geração de caixa no período ajudou a empresa a reduzir o endividamento em 33% em relação do primeiro trimestre de 2015, destacou Pedro Freitas. O endividamento da companhia ficou em 1,72 vezes a geração de Ebitda em dólares para o total da dívida líquida no período de janeiro a março. O menor patamar em 10 anos. “O nível de alavancagem que consideramos confortável é abaixo de 2,5 vezes. O bom resultado operacional abre possibilidades para estratégias [de investimento], em função desse espaço que agora temos no balanço”, comentou Freitas.

DCI – 06/05/2016

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