Na crise, empresas devem manter fornecedores sem deixar de analisar custos

Para Erick Boano, fundador da COSTDRIVERS, momento é de compreensão com os elos mais frágeis das cadeias de suprimento

Como uma empresa pode se relacionar com seus fornecedores em meio à pandemia mais grave dos últimos 100 anos? De que forma elas podem atuar para impedir que pequenos negócios quebrem e, ao mesmo tempo, não deixar de receber os produtos que necessita para operar? Como equilibrar o fluxo de caixa com o fornecimento?

Essas e outras perguntas foram respondidas por Erick Boano, Vice-Presidente e fundador da COSTDRIVERS, empresa especializada de Strategic Sourcing, durante um webinar organizado pelo Café com Comprador em parceria com a Minder. A conversa foi acompanhada por mais de 2 mil internautas do Brasil e do exterior.

Além de Boano, participaram da conversa o fundador da Café com Comprador, Douglas Ferreira, o Gerente de Suprimentos da C&A, Renato Marchetti, o Gerente de Compras da Naturgy, Ewerton Guimarães, e o Diretor da 2BSupply, Alexandre do Valle.

Segundo Erick, uma atitude que as empresas já podem tomar em relação aos seus fornecedores – antes de sair pedindo descontos – é analisar suas listas de contratos em busca de informações que permitam um benchmark.

“Ainda existe uma cultura de indexar tudo ao IPCA ou ao IGP-M, índices que não têm a ver com muitos elementos dos contratos. Se elas questionarem a evolução de custos comparando esses índices com os que deveriam ser levados em conta – e há muito dado público que permite isso –, as empresas poderiam identificar os gaps e colocar esforços para obter ganhos de desempenho e reduzir gastos”, explicou ele.

Outra postura, esta em relação aos pequenos fornecedores, é compreender que eles terão mais dificuldades financeiras. “É importante saber qual é o elo mais fraco da cadeia de fornecimento, aqueles que não vão conseguir crédito nos bancos ou que podem não ter capital de giro para passarem pela crise”.

Assim, para o fundador da COSTDRIVERS, o momento é de manter os elos atuais da cadeia, evitando ter que ir em busca de um novo fornecedor em meio à crise. “Do ponto de vista financeiro, entramos nesta situação com a taxa SELIC em seu menor nível da história. Isso tem como gerar um efeito positivo à medida em que, quem é o elo grande da cadeia tem condições de captar recursos, porque a taxa é interessante”, disse Erick.

“Logo, a questão é usar a criatividade para negociar com o fornecedor alguma extensão de pagamento ou algum tipo de benefício que fique bom para os dois lados, mas para não se desfazer de um fornecedor com um bom nível de SLA e depois precisar correr atrás para desenvolver outro – sem o mesmo sucesso. Essa é a informação mais importante do momento”, completou.

Apesar dos problemas, a pandemia também trouxe bons questionamentos para o Strategic Sourcing, segundo os participantes da conversa. Erick, em especial, pontuou que as empresas sairão da crise mais maduras e conscientes da importância de apoiar fornecedores locais.

“Retomar e fortalecer o mercado local é uma grande oportunidade para o país. O mundo inteiro não se atentou que itens estratégicos para o mundo inteiro estavam sendo fabricados em um único lugar. Da crise de 2014 para cá, o Brasil perdeu muitas empresas – e é hora de aportar tecnologia no mercado nacional antes que uma nova epidemia ou guerra nos desabasteça novamente desses produtos”, finalizou.

O webinar, idealizado pelo Café com Comprador, está disponível neste link.

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