Setor de alimentos investe mais em logística para minimizar venda fraca

São Paulo – As indústrias de alimentos estão investindo na estrutura logística para minimizar os custos, ao mesmo tempo que atendem ao novo perfil de encomendas do varejo no País. A ampliação de frota própria, entregas com intervalos menores e instalação de centros de distribuição mais próximos dos principais clientes são algumas das estratégias que os executivos ouvidos pelo DCI têm adotado. A Laticínios Jussara, por exemplo, comprou 50 caminhões ano passado, dobrando a frota própria, contou o diretor comercial da empresa, Laércio Barbosa. “Temos feito um grande investimento no aumento de nossa frota própria, não apenas com o objetivo de redução de custos, mas também para melhoria e agilidade na prestação de serviços”. De acordo com ele, o volume de vendas da Jussara cresceu 5% no primeiro trimestre e o faturamento avançou 22% na comparação com os primeiros meses de 2015. Já fabricante de biscoitos Dauper, apostou em uma nova estrutura de distribuição da produção para enfrentar o novo cenário. “O varejo tem sistematicamente diminuído o volume dos pedidos e parece que esta tendência deve seguir com força. O lado negativo disto é que com pedidos menores o custo percentual de frete subiu bastante”, afirmou o diretor comercial da Dauper, Raul Matos. Segundo ele, a empresa tem trabalhado com centros de distribuição mais próximos dos clientes, para reduzir despesas com frete. O volume comercializado pela empresa gaúcha registrou alta de 49% nos primeiros três meses de 2016 frente a igual período do ano anterior, impulsionado pelo lançamento de produtos. A Ryco Alimentos também notou uma redução no tamanho das encomendas em 2015 e prevê uma manutenção do quadro este ano. Isso porque, diz o diretor geral da Ryco, Ronaldo Góz, os clientes estão evitando a formação de estoque. Mesmo assim, a empresa não estima mudança relevante nos custos logísticos. “Nossa empresa tem um diferencial de atender pedidos em até 24 horas. Como isso já era uma característica nossa, a estrutura não precisou ser adaptada”, explicou Góz. Ele revelou que a empresa tem investido em ações nos pontos de venda do varejo para estimular as encomendas. As vendas da empresa no primeiro trimestre ficaram 3% acima do volume registrado um ano antes, com um crescimento de 8% no faturamento. Apesar dos relatos sobre o ritmo de vendas, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um nível de atividade baixo neste ano. Em janeiro, a fabricação de alimentos no País recuou 5,2% ante igual mês do ano anterior e avançou 1,1% em fevereiro, na mesma base de comparação. O crescimento visto no segundo mês do ano, entretanto, parte de uma base com retração de 3,3% em 2015. “Nossa expectativa é que o ano deve ser muito difícil, porém a crise é uma oportunidade para melhorarmos a gestão, otimizarmos os custos e reforçarmos nossa distribuição e lançamentos”, disse o diretor da Dauper, Raul Matos. Laércio Barbosa da Laticínios Jussara, por sua vez, vê o cenário interno com otimismo. Para ele o “fundo do poço para o consumo de lácteos já foi ultrapassado desde o último trimestre de 2015”. Pressão O aumento no preço das matérias-primas foi destacado pelos executivos ouvidos pelo DCI como principal elemento de pressão em 2016. Conforme eles, a retração generalizada na demanda no Brasil no último ano não foi suficiente para frear o avanço no preço dos insumos para a indústria. “Ainda não notamos uma redução significativa no ritmo dos aumentos [do custo das matérias-primas], mas esperamos que aconteça em breve”, comentou Barbosa, da Jussara. O diretor comercial da Dauper, Raul Matos, observou o impacto da desvalorização do real frente ao dólar no preço de insumos atrelados a moeda norte-americana, caso da gordura de palma e do açúcar. Segundo o executivo, essas foram as matérias-primas com as maiores elevações nos últimos meses. No mesmo sentido, o diretor da Ryco Alimentos, destacou o peso do aumento de custos com a fécula de mandioca, ovo, queijo e margarina.
DCI – 19/04/2016
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